Se a vida é tão simples, do que eu tenho medo?
Nesse quarto escuro eu sinto a frieza dos meus pensamentos que não me deixam
pegar no sono, uma simplicidade de detalhes que fazem toda diferença, uma essência
de desprazer que emana por horas adentro da madrugada gélida. Uma companhia ainda oculta, sinto que não
estou sozinha, mas ao mesmo tempo isso incomoda, ficar pensando horas a fio mas
não ter a resposta que precisa. Não entender o porquê de tantas perguntas e
nenhuma resposta.
Eu sinto o peso das consequências
de atitudes que tomei e que caíram sobre
mim como um fardo pesado que carrego todos os dias, como se não entendesse que
sou responsável pelo que me torne, pelo julgamentos que faço, pelas decepções e
mascaras que caem a todo momento, tanta
liberdade também requer responsabilidade,
somos sim responsáveis pela nossa condição de sujeito, vitimizar tudo não resolve
nada, não torna as coisas melhores, pode tirar grande parte da culpa que
carregamos, é sempre mais fácil culpar os outros por nossos erros.
O maior inimigo não é o externo,
o que mais machuca é o que esta dentro de você, aquela “vozinha” que sempre
insistir em cantarolar ao pé do ouvido coisas que não gostaríamos de saber,
camuflar a verdade é sempre menos dolorido, os nossos segredos, pensamentos e medos
mais sombrios, tais medos que hoje tem a força de um gladiador, como 300 homens
da antiga Esparta que leva toda sua ira para defender suas terras, para dar voz
a quem são, e quem são na verdade? O golpe mais doloroso e narcísico é o fato
de não sermos nem a metade do que pensávamos que éramos, é definitivamente não ser
senhor da própria casa.